terça-feira, 24 de abril de 2012

Cidades de restos: Pompeia e Hercolano

Desde a infância escutamos falar da história de pompéia e do vesúvio. Não sei quanto a vocês, mas sempre me surpreendeu a ideia de uma cidade que foi "congelada" no tempo por uma erupção vulcânica. E ficava sempre imaginando como seriam aqueles corpos em movimento que tinham sido cobertos pela lava do vulcão. Visitar pompéia sempre foi, portanto, um misto de curiosidade, incredulidade e utopia. Mas estando em Nápoles, tudo se torna excessivamente real, especialmente porque olhando de qualquer lado da cidade, sempre encontramos o Vesúvio, imponente, coberto de névoa, contrastando com o mar, invadindo e imperando por toda a região. Pompeia é uma das cidades à beira do Vesúvio, próxima a Nápoles e que guarda, dentro de um espaço murado e protegido, uma cidade morta pelo vesúvio. E passear por Pompéia é, literalmente, passar o dia caminhando pelos restos de uma cidade morta pelo vulcão e soterrada por suas cinzas durante séculos. Caminhamos entre as ruas da cidade antiga, que chegou a ter 20 mil habitantes, onde vemos os restos do bairro rico, os restos do bairro pobre, os restos das termas, os restos do cemitério, os restos das lojas, dos moinhos e dos templos pagãos. É uma cidade de restos onde devemos caminhar bastante e ativar bem a imaginação para completar os muros que foram derrubados e os tetos que foram soterrados e construir a imagem do que um dia ali existiu. E quanto aos seres humanos e materiais que viraram pedras com a lava em movimento? Estes também são restos, restos de pessoas que decidiram não fugir da cidade quando se percebeu a erupção e que ali morreram intoxicados pelos gases e cujos corpos foram petrificados depois pela lava (menos de 1% dos habitantes ficaram na cidade depois da erupção começar). Cheguei a pensar, inclusive, que se Pompéia fosse nos estados unidos, certamente teriam feito um bondinho para atravessar todas as cidades, ao lado de um parque temático onde poderíamos viver a experiência de fugir de um vulcão. Visitamos Pompéia numa manhã de um dia chuvoso. E logo na entrada percebemos que a visita com bebê, em dia de chuva, não seria nada fácil. Carrinhos não são bem vindos em Pompéia (as ruas são de pedras antigas, sem homogeneidade e por onde é impossível guiar um) e, ao mesmo tempo, as pedras com chuva não facilitam a vida de uma mãe com canguru (tive que andar o passeio todo de mãos dadas com alguém para não desequilibrar com o Chico nas costas). Como a cidade é grande, original e não tem estrutura (coisa que os americanos resolveriam muito bem, rs.), o passeio é longo, não promove boas paradas nem banheiros nem lanchonetes. Assim, com crianças, é melhor selecionar apenas um pedaço para visitar. E, sem crianças, passar antes no banheiro e levar um kit de lanches para poder curtir mais. Ah! E os guias que oferecem serviço a 10 euros na entrada podem também ser uma boa estratégia, já que a sinalização da cidade é muito ruim. Depois de Pompéia decidimos visitar Hercolano, outra cidade da região que também foi morta pela erupção do Vesúvio. E o que vou dizer aqui pode parecer uma ofensa terrível, quase uma profanação à história e ao turismo, mas eu definitivamente gostei mais de Hercolano do que de Pompéia. Hercolano era uma cidade de descanso para os ricos de Pompéia, com cerca de 4 mil habitantes, construída entre uma praia e um penhasco. A cidade tinha pelo menos 3 camadas na vertical, casas sobre casas. Diz a história que quase todos os seus habitantes morreram sem tempo para fugir da erupção (diferentemente de Pompeia) e, como a cidade tinha 15 metros de profundidade até o mar, ela foi toda coberta de cinzas e assim ficou durante muitos séculos. Outra cidade foi construída sobre ela, até que se descobrissem seus restos. Uma parte já foi escavada, enquanto outra parte permanece intacta sobre a cidade atual e suas construções e a visita às escavações nos permite ver como de fato era a cidade, quase original, casa sobre casa, embaixo das edificações modernas. Além das construções mais conservadas, em Herculano podem ser vistos os desenhos e pinturas das paredes, bem guardados por séculos pelas cinzas do vulcão.

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