terça-feira, 24 de abril de 2012

Às Margens do Adriático: Bari e Corato

Nunca pensei que pudesse conhecer dois mares em uma mesma viagem curta, à distância de apenas alguns quilômetros que separam ponta a ponta da bota. Embora as águas sejam a mesma, do lado oposto à costa amalfitana está Bari, à beira do lindo mar Adriático. Bari é uma cidade enorme, à beira do mar, com uma vida bem agitada. Cheia de lojinhas que andam em paralelo a uma cidade antiga de pedras e igrejas, Bari é um lugar diferente e interessante, porém, como muitas outras cidades grandes, não é fácil se apaixonar de cara por Bari. Mas ela tem, de fato, seu charme. Cidade plana, bem organizada e planejada (ao menos na parte em que visitei), ou seja, o oposto do caos de Nápoles, além de uma linda orla.
Bari, acima de tudo, funciona como um ponto de partida para vários outros passeios. No nosso caso, foi a chegada pós Matera e a saída para Alberobello (ambos em outros posts). Ficamos em um hotel muito bem localizado, o Boston que, além de ter quarto amplo e com carpete, era limpinho e lindinho. Ao lado e à frente do hotel tem diversos restaurantes maravilhosos, além de um ótimo supermercado. A poucas quadras está o calçadão do centro comercial(tentador) e o centro antigo da cidade. Bari vale uma visita, não extensa nem com grandes pretensões, mas algumas horas de caminhada pela cidade ajudam a alegrar o dia. A 50 km de Bari fica a pequena cidade de Corato. Não é um lugar turístico, nem nos guias ou sites ela é comentada e chegamos lá simplesmente por um acaso feliz. Tínhamos deixado os últimos 3 dias de viagem para passear por lugares desconhecidos e não planejados e, saindo de Bari sem rumo, fomos surpreendidos pela placa da cidade que remontava à história da família de um amigo brasileiro. E foi simplesmente porque este amigo me tinha contado de seus antepassados que decidimos parar ali. A entrada de Corato já é surpreendente: extensas filas de lindas e antigas oliveiras margeiam toda a estrada local.
Corato é uma cidade de 40 mil habitantes onde antes (segundo relatos de meu amigo) viviam bordadeiras e pintores que trabalhavam nos castelos da região. As bordadeiras se profissionalizaram e hoje Corato tem um centro têxtil industrial nos arredores da cidade - que descobrimos apenas pelas placas. Segundo relados de um senhor que conhecemos pelas ruas, a cidade intramuros foi construída, na época medieval, com ruas paralelas e transversais para que se pudesse, de qualquer entruncamento, observar o começo e o fim da cidade em seus quatro cantos. Foi surpreendente descobrir que isso era verdade nas fotos tiradas da cidade que mostram os cruzamentos sempre em forma de cruz perfeita e com boa visão de um horizonte distante.
O centro de Corato tem vielas com paredes de pedras, oliveiras nas calçadas e roupas penduradas nas janelas. Caminhões e barracas de frutas nas esquinas. Os poucos cafés são lotados e as pessoas simpáticas, sorridentes e surpreendidas com o turismo (inexistente) na região.
Foi uma linda surpresa, especialmente por conhecer a vida de uma cidade não turística, com seus segredos e delicadezas.

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